
Como uma criança não pode posicionar-se diante da arte? Será a criança isenta de pensamento ou será o adulto incapaz de refletir na linha de pensamento da criança? Decerto a arte carrega uma demasiada complexidade, mas isso não impede a criança de obter sensações perante uma apreciação seja essa escrita, oral ou somente visual.
A literatura infantil supera o padrão convencional (tradicional) de se fazer literatura, pois ela trata de questões existenciais, cotidianas, de forma simples e lúdica, assim como o universo da criança.
Que mal há então em escrever “textos infantis”? Ao questionar o valor do gênero “infantil”, deveríamos estender essa “desconfiança” também a outras “literaturas”.
O que é literatura Romântica? Realista? Realista-fantástica? Ao questionarmos autores como Hans Christian Andersen com Soldadinho de chumbo e seu valor literário não deveríamos questionar também Humberto Eco com o Em nome da rosa?
Sabemos, nós, que a literatura infantil é contada por adultos e escrita por eles, porém isso não impede a criança de observar os fatos do texto e indagar acerca deles ou até mesmo questionar os valores ali vinculados.
Limitar-mos-emos em literatura se não levarmos em consideração a posição da arte para as “pequenas mentes” em desenvolvimento.
Pensamos então no painel Guernica de Pablo Picasso, tomemos um adulto e colocamo-lo perante a obra, imaginemos que tal adulto nada sabe sobre História da arte, mas mesmo assim questiona o valor estético da composição entre os elementos, as formas retorcidas e fora do padrão Clássico e ainda afirma que aquilo não pode ser chamado de arte, sua postura não se caracteriza como uma posição perante a imagem de Picasso? O mesmo pode ocorrer com a criança.
A função da arte, no nosso caso da literatura, é criar inquietação, trazer sensações e lançar perspectivas. Barthes(2000) em sua obra O grau zero da escrita afirma: “não há literatura sem uma Moral da linguagem”.
A partir destas observações, que todo adulto leia e reflita acerca de Chapeuzinho Vermelho, Peter Pan, Soldadinho de Chumbo e das infinitas possibilidades sugeridas pelo universo do maravilhoso.
(Raphael Franck)
viva a literatura infantil.
ResponderExcluirhá muito mais por trás dos contos infantis, do que podemos imaginar! ^^
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