Escrevi o poema abaixo já há alguns anos no Recife. Todos sabemos (e quem ainda não sabe, saiba-o) que o nosso local de trabalho também é um espaço de convívio para os amantes da música e não apenas das letras... Como é do meu terreno amar as duas coisas, a música - prima-irmã da poesia: "ut musica poiesis" - sempre faz parte da minha produção, seja nos aspectos sonoros e musicais que frequentemente (estranho sem trema, não é?!) imprimo em meus versos, seja como temática, a exemplo do poema que transcrevo abaixo com todo o carinho para vocês. Hugo e o Rasta, donos do setor musical, sintam-se homenageados.
Inté!
Marcos de Andrade Filho
Opera House
Eu tenho música!
Que me importa se eles querem palavras?
Eu tenho DVD’s de ópera blue ray
Na ponta do metal fino de língua
Que minha mão
– trêmula que só ela –
Sustenta…
(O tempo em que ela me levava…
Eu não ia, era ela que me levava, sabe?:
- Vamos passar hoje lá na loja?
- Vamos, vamos! Calma, menino!
Ela me olhava daquele jeito que meus olhos já sabiam…
- Que tal Mozart?)
Acaba que gosto de Stravinsky e curto jazz
Porgie and Bess,
Mas continuo com árias, recitativos,
Partituras inteiras verdis puccinis bizets wagneres…
Prostitutas partituradas
Partituras prostituídas em minha alma
E em meu sexo: Aidas Toscas Carmens Vaquírias
Todas em profusão e remasterizadas digitalmente
Pela ponta de meu dedo, que sustenta minha língua de metal…
Eu tenho música!
Estão me ouvindo?
Música!!!
Marcos de Andrade Filho
Recife, 2005
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